Cowboys Cósmicos
Daniel
Romano – Come Cry With Me (2013)
Quando Daniel Romano, metido
num terno nudie suit em pleno 2013 convida você para chorar, ele não está
brincando.
Em seu terceiro álbum solo o
canadense atualiza o legado de histórias de desolação onde George Jones o deixou,
cantando de forma arrastada sobre felicidade, tristeza e separação. Há muito da
última e pouco da primeira. Está enraizado na tradição outlaw de quem teve uma
vida de excessos e longas jornadas fora de casa, convivendo com personagens
desajustados e percorrendo estradas vazias que morrem na linha do horizonte. Seus versos carregados de tensão são acompanhados de um implacável pedal steel – brilhantemente tocado
por Aaron Goldstein – que tanto dá o tom honky tonk das canções quanto as encharca
de melancolia.
Estamos num bar de beira de
estrada mal iluminado, frequentado por caminhoneiros e mulheres em busca de
sexo, álcool e alguns trocados. É quase possível ouvir o chão de madeira
rangendo e o barulho dos copos. No nervo de sua banda The Trilliums, os duetos
com Misha Bower são totalmente saídos do repertório de Gram Parsons &
Emmylou Harris nos anos 70. O
som de Bakersfield come
solto.
No final da noite um pouco enturvado e que se prolonga com
vários últimos copos, o salão vazio enquanto alguém levanta as cadeiras e limpa
o chão. Todos os arquétipos da tristeza na hora de fechar o bar. Romano introduz
as primeiras notas de A New Love e a angústia volta com toda sua força. O
sangue pulsando forte através das veias de um coração partido em mil pedaços.
Uma sensação de desespero e sonhos desfeitos. Aqueles motivos que levam homens
à loucura.