domingo, 3 de novembro de 2013

Cowboys Cósmicos

Daniel Romano – Come Cry With Me (2013)




Quando Daniel Romano, metido num terno nudie suit em pleno 2013 convida você para chorar, ele não está brincando.

Em seu terceiro álbum solo o canadense atualiza o legado de histórias de desolação onde George Jones o deixou, cantando de forma arrastada sobre felicidade, tristeza e separação. Há muito da última e pouco da primeira. Está enraizado na tradição outlaw de quem teve uma vida de excessos e longas jornadas fora de casa, convivendo com personagens desajustados e percorrendo estradas vazias que morrem na linha do horizonte. Seus versos carregados de tensão são acompanhados de um implacável pedal steel – brilhantemente tocado por Aaron Goldstein – que tanto dá o tom honky tonk das canções quanto as encharca de melancolia.

Estamos num bar de beira de estrada mal iluminado, frequentado por caminhoneiros e mulheres em busca de sexo, álcool e alguns trocados. É quase possível ouvir o chão de madeira rangendo e o barulho dos copos. No nervo de sua banda The Trilliums, os duetos com Misha Bower são totalmente saídos do repertório de Gram Parsons & Emmylou Harris nos anos 70. O som de Bakersfield come solto.

No final da noite um pouco enturvado e que se prolonga com vários últimos copos, o salão vazio enquanto alguém levanta as cadeiras e limpa o chão. Todos os arquétipos da tristeza na hora de fechar o bar. Romano introduz as primeiras notas de A New Love e a angústia volta com toda sua força. O sangue pulsando forte através das veias de um coração partido em mil pedaços. Uma sensação de desespero e sonhos desfeitos. Aqueles motivos que levam homens à loucura.
















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